Todo mundo está falando sobre DeFi. Poucas pessoas estão perguntando qual a cara que DeFi deve ter. Ergo tem uma visão para o que o setor pode se tornar.
2020 está se encaminhando para ser o ano em que o termo Finanças Descentralizadas passou a chamar atenção do grande público convencional do mesmo jeito que aconteceu com Bitcoin e blockchain em 2016 e 2017. Somente em Julho, o Valor Total Bloqueado (TVL, em inglês) – a quantidade de fundos compromissados em contratos inteligentes de dApps DeFi – dobrou de U$2 bilhões para U$4 bilhões, em grande parte impulsionado pela distribuição que a Compound fez de seus tokens de governança, o COMP.
DeFi é a última moda, com diversos projetos bem-conhecidos liderando o espaço diante de nossos olhos. Porém, enquanto o mundo cripto está preso em oportunidades de curto-prazo em DeFi, poucos estão falando sobre o que DeFi é de verdade – e menos pessoas ainda estão falando sobre o que DeFi deveria ser. Porém, ao construir uma plataforma DeFi como Ergo, isto é exatamente o tipo de questão que temos de perguntar.
DeFi desconhece limites
Ao falar sobre o que DeFi “deveria” ser, é fácil cair na armadilha de ser prescritivo e de introduzir condições e limites arbitrários. Porém, blockchains não são sobre isso. Como já vimos com Bitcoin e blockchain de maneira geral, há um livre mercado de ideias e nada está fora de questão. É razoável (embora não seja particularmente útil) dizer que DeFi deve ser “qualquer coisa e todas as coisas”.
Assim como blockchain, DeFi trás vantagens de transparência, imutabilidade e eficiência (frequentemente incluindo velocidade e/ou custo) para processos financeiros. Mas, em termos do que nós acreditamos que este novo conjunto de tecnologias deve oferecer, e o que finanças descentralizadas podem trazer para o sistema financeiro convencional, é válido focar o diálogo em algumas outras áreas-chave que tem sido esquecidas ou sub-representadas até agora: Privacidade, Escalabilidade, Interoperabilidade, e Descentralização.
1. Privacidade
Como Eric Hughes escreveu em Um Manifesto Ciberpunk (em inglês) em 1993, “Privacidade é necessária para uma sociedade aberta em uma era eletrônica”. Isto nunca foi mais verdade do que para privacidade financeira. Privacidade deve ser uma funcionalidade padrão de DeFi – não um item a mais ou uma funcionalidade desejável. Tem que ser parte integral.
Mas, como Hughes continuou, “Privacidade é o poder de revelar-se seletivamente para o mundo”. Sempre há um balanço a ser feito entre privacidade e conformidade (aqui, conformidade é tradução livre de “compliance”), entre transparência e anonimidade. Adoção de DeFi em larga escala de DeFi requer a possibilidade de auditorias e a aprovação regulatória que a permita.
Graças aos últimos avanços em provas de conhecimento-zero, Ergo pode oferecer tanto privacidade quanto transparência, quando requisitado. Os Protocolos Sigma da plataforma oferecem criptografia robusta e personalizável – e, ao mesmo tempo, a habilidade para seletivamente revelar informação quando necessário.
2. Escalabilidade
A habilidade de processar milhares de transações por segundo é também uma funcionalidade não-negociável para um setor de DeFi próspero. Como isto é atingido é menos importante do que o fato de ser atingido; na prática, haverá muitas abordagens diferentes, com muitos usuários e protocolos selecionando quais eles preferem.
Por exemplo, enquanto temos visto o crescimento de sidechains e chains-filhas, a realidade é que corretoras permanecem como um portal de entrada para o mundo blockchain para uma grande proporção de usuários. Corretoras populares estão cada vez mais integrando funcionalidades DeFi, permitindo que suas vastas bases de usuários acessem DeFi a partir de suas contas individuais sem interagir diretamente com o protocolo.
Enquanto isso possa parecer, em uma perspectiva de segurança, longe do ideal, é uma simples realidade que serviços centralizados não estão ficando “fora de moda”, e na verdade estão integrando tecnologias descentralizadas graças às vantagens que elas oferecem. Ergo tem sua abordagem própria para escalabilidade, mas não podemos e não iremos ignorar a importância de negócios em avançar a adoção de usuários.
3. Interoperabilidade
Um dos principais pontos positivos de DeFi é composibilidade: a habilidade de construir novas aplicações a partir de componentes existentes, alavancando o efeito de rede de dApps e tokens estabelecidos. Este é um dos fatores principais que permitiram que TVL explodisse no último mês.
Porém, composibilidade atualmente tem seus limites. Composibilidade entre plataformas atualmente não é possível. Até mesmo trocas atômicas – o primeiro estágio de interoperabilidade – estão em sua infância, embora Ergo esteja trabalhando em uma DEX empoderada por trocas atômicas.
Interoperabilidade completa significa a habilidade de um usuário executar um contrato inteligente em uma plataforma e fazê-la interagir sem esforço com outra blockchain. Isso permitiria interações entre protocolos verdadeiramente sem fricção e é o que é preciso para permitir o fluxo de liquidez por todo o mundo DeFi. Nesse ponto, aplicações se tornam agnósticas no que diz respeito a blockchain e as plataformas são realmente mais como linguagens de programação para acessar funcionalidades dos dApps.
4. Descentralização
Por último, e especificamente no contexto de escalabilidade e interoperabilidade, não podemos nos esquecer da importância de descentralização – algo que Ergo sempre levou a sério.
Claro que DeFi é descentralizado – mas há diferentes tipos de descentralização. Ethereum, a casa de quase todos os maiores dApps DeFi, é somente uma plataforma.
Desenvolvedores de Ethereum estão trabalhando em um plano para ganhar escala, mas, mesmo se forem bem-sucedidos, ainda é uma blockchain. Devemos confiar todos os nossos fundos em apenas uma rede? E se um bug ou erro crítico é encontrado?
Interoperabilidade faz mais do que permitir liquidez entre blockchains. Também descentraliza a infraestrutura descentralizada para DeFi, adicionando camadas de redundância e segurança. No processo, todas as blockchains que são parte daquele ecossistema são fortalecidas, criando um todo que é ais que a soma de suas partes. Em tempos em que blockchains relativamente grandes ainda sofrem ataques de de gasto duplo e reorgs sérios, e vulnerabilidades catastróficas são encontradas em contratos inteligentes que hospedam dezenas de milhões de dólares em valor, não podemos partir da hipótese que uma única blockchain dominará ou deva dominar todas as outras.